Depois de quatro dias de greve, o frigorífico de frango, suínos e fábrica de ração do grupo BRF situada em São Lucas do Rio Verde (MT) voltou a negociar com os trabalhadores. Desde a madrugada da ultima segunda-feira, parte dos trabalhadores cruzou os braços reivindicando melhorias salariais, de alimentação e outros benefícios. Ontem, após a confirmação de demissão em massa, o sindicato que representa a categoria assumiu as negociações, recebendo apoio da Força Nacional. Hoje, após serem recebidos na empresa, foi conseguido acordo que prevê a revisão das demissões ocorridas no período.
De acordo com o presidente do Sintralve, Valdeci Scherer, uma comissão envolvendo pessoas que mobilizaram os trabalhadores para a paralisação foi formada e recebida na empresa. Scherer explicou que a principio, o sindicato apenas observou o movimento, já que após a realização de uma assembleia, no ultimo dia 25, definiu pauta de reivindicações e abriu negociação com a empresa. No entanto, após as várias demissões ocorridas durante a paralisação, o sindicato agiu para defender os direitos da categoria.
O presidente explicou ainda que a maior preocupação no momento é garantir ao trabalhador a manutenção do emprego. Há casos, porém, que é interesse do demitido em retornar ao seu Estado de origem. Por isso, o sindicato vai elaborar uma lista dos trabalhadores que pretendem seguir esse procedimento. A intenção é assegurar os direitos trabalhistas. “O sindicato vai pegar os nomes desses trabalhadores e enviar à empresa para que seja revertida essa situação”, explicou.
Sobre a reposição salarial, o índice só será discutido após a revisão de todas as demissões ocorridas no período da greve. Somente após o dia 1º de outubro, data base dos trabalhadores, é que a rodada de negociações vai definir o índice a ser aplicado nos salários da categoria.
O representante da Força Nacional, Norberto Marques Vieira, assinalou que a paralisação, a primeira mobilização do gênero na historia do Sintralve, teve seu lado positivo. Através desse movimento, a direção da empresa tomou conhecimento de algumas situações vividas na unidade mantida em Lucas do Rio Verde. Norberto observou que a paralisação foi provocada mais por questões do dia a dia. “Há um descontentamento das pessoas dentro da empresa”, destacou, citando que há casos de trabalhadores cumprindo jornada diária acima do normal, sem receber horas extras. “Ele está trabalhando algumas horas a mais que não está recebendo. Isso gera descontentamento, que gerou a paralisação”, emendou.
Marques Vieira elogiou a postura do sindicato, que agiu no momento correto, respeitando as leis vigentes sob pena de incorrer em multas (que podem chegar a R$ 10 mil/dia) e outros prejuízos para a categoria. Ele entende que após essa mobilização, as conversações entre empresa e sindicato ganham um novo nível.
Sobre o acordo de revisão das demissões, Norberto destaca o tratamento que será dispensado aos trabalhadores que optarem por voltar as cidades de origem, tendo garantidos os direitos trabalhistas e outros benefícios, como o custeio da viagem de retorno. “Se optar em continuar, nós exigimos da empresa uma garantia que não vai haver repressão ou dispensa. Vamos esperar. Amanha e sábado o sindicato vai fazer essa relação, porque foi mais ou menos um numero de 500 a 600 trabalhadores que foram mandados embora em virtude do descontentamento, foram mandado embora ilegalmente”, declarou. A lista será entregue a empresa na segunda-feira.
FONTE: Mundo Sindical