Obama culpa republicanos por paralisação do governo

 

O governo dos Estados Unidos começou uma paralisação parcial ontem pela primeira vez em 17 anos, colocando quase 1 milhão de trabalhadores em licença não remunerada, fechando parques nacionais e atrasando projetos de pesquisa médica.

O presidente Barack Obama fez ontem uma dura defesa da reforma no sistema de saúde - apelidada de Obamacare - e disse que a responsabilidade de reverter a paralisação do governo federal é do Partido Republicano. Em um pronunciamento no jardim da Casa Branca, acompanhado de pessoas que se beneficiaram com o Obamacare, Obama alertou que a paralisação do governo pode prejudicar a economia do país.

"Uma facção do Partido Republicano resolveu ontem fechar grandes partes do governo. Eles estão negando planos de saúde acessíveis para milhões de americanos", afirmou Obama. Ele disse que isso não precisava acontecer e que o impasse é resultado de uma "cruzada ideológica" dos republicanos.

Nesta terça-feira, 1º, com 228 votos a 199, a Câmara aprovou uma medida que instrui o líder da maioria republicana na Câmara, John Boehner, a nomear um conjunto de negociadores para elaborar uma resolução orçamentária com um pequeno grupo de senadores. Mas a medida Republicana não trouxe concessões sobre a demanda central do partido - que os democratas concordem em modificar a nova lei federal da saúde - e não deixa os parlamentares mais perto de chegar a um acordo para retomar as operações do governo.


Agências fechadas


Agências federais foram direcionadas a reduzir os serviços, depois que os parlamentares não conseguiram romper um impasse político que provocou novas dúvidas sobre a capacidade de um Congresso profundamente dividido executar suas funções mais básicas.

Depois que os republicanos da Câmara apresentaram uma oferta tardia para romper o impasse, o líder da maioria no Senado, o democrata Harry Reid, rejeitou a ideia, dizendo que os democratas não entrariam em negociações oficiais sobre gastos "com uma arma na cabeça" na forma de paralisação do governo.

Nas horas anteriores ao prazo final (meia-noite de Washington), o Senado controlado pelos democratas repetidamente esvaziou as medidas aprovadas pela Câmara que amarravam temporariamente o financiamento para as operações do governo a atrasar ou redimensionar a reforma do setor de saúde conhecida como "Obamacare".

Pouco depois da meia-noite, o presidente Barack Obama tuitou: "A Lei de Serviços de Saúde Acessíveis ("Obamacare") segue adiante. Vocês não podem paralisá-la".

Se a paralisação representa outro obstáculo na estrada para um Congresso cada vez mais assolado por disfunções, ou se é um sinal de uma paralisação mais alarmante no processo político, será determinado pela reação do eleitorado e de Wall Street.

O dólar caiu 0,2%. O preço da nota do Tesouro americano em 10 anos, uma referência estável para os mercados de títulos, caiu 0,3 por cento. O futuro de S&P subiu 0,5 por cento, apontando para uma alta na abertura de Wall Street. Na segunda-feira, o índice S&P 500 fechou com uma baixa de 0,6 por cento, pressionado por fornecedores da área de defesa, já que a paralisação provavelmente vai diminuir seus novos negócios.

A perturbação política no Congresso também levantou novos temores sobre se os parlamentares podem cumprir um prazo vital em meados de outubro para elevar o teto da dívida do governo, de 16,7 trilhões de dólares.

"Pode se seguir um default técnico do Tesouro, provocando queda nos mercados financeiros", escreveu o analista da ING Tom Levinson.

Depois de perder o prazo para evitar a paralisação, republicanos e democratas na Câmara continuaram um amargo jogo de empurra, cada lado colocando a responsabilidade no outro em esforços de redirecionar uma possível repercussão pública.

Se o Congresso conseguir chegar logo a um acordo sobre uma nova lei de financiamento do governo, a paralisação duraria dias em vez de semanas. Mas não há sinais de uma estratégia para reunir os partidos.

De olho nas eleições do Congresso em 2014, os dois partidos tentaram se livrar da responsabilidade pela paralisação. O presidente Barack Obama acusou os republicanos de estarem endividados demais com os conservadores do Tea Party na Câmara dos Deputados, e disse que a paralisação poderia ameaçar a recuperação econômica.

As apostas políticas são altas principalmente para os republicanos, que vão tentar recuperar o controle do Senado no ano que vem. As pesquisas mostram que é mais provável que os republicanos sejam responsabilizados pela paralisação, como aconteceu na última, em 1996.

"Alguém vai ganhar e alguém vai perder", disse o pesquisador de opinião pública Peter Brown, da Universidade Quinnipiac. "Obama e os democratas têm uma pequena vantagem".

FONTE: DCI