Arquivo Sindicato
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Após analisar a estimativa da OIT parece assustador, porém nosso pólo não fica muito atrás, pois a cada dia vem crescendo o número de acidentes e doenças ocupacionais, principalmente traumas em membros superiores com amputação de dedos e as famosas tendinites com maior incidência em ombro.
De acordo com dados do Sindicato dos Marceneiros de Ubá, as amputações ocorridas em 2012 e início de 2013 acometeram em 100% dos casos os colaboradores do sexo masculino e com idade média de 35 anos, sendo que destes 90% apresentaram amputação/perda de duas ou mais falanges e apenas 10% com perda de apenas uma falange. Todas as amputações tiveram relação com as máquinas tupia, serra de disco e serra de fita. Tais acidentes ocorreram no início ou no final da jornada de trabalho tendo aproximadamente 50% dos acidentados recebido a assistência correta da indústria empregadora.
Já no segundo semestre de 2013, as amputações se tornaram mais severas.
O Gráfico abaixo representa o número de atendimentos realizados no Sindicato dos Marceneiros de Ubá no período compreendido pelas últimas 3 primeiras semanas do mês de outubro. Neste são apresentadas apenas as doenças de maior incidência.
Observa-se que as amputações, assim como os dados citados anteriormente, acometeram em 100% os trabalhadores do sexo masculino onde estas em sua maioria representaram a perda de mais de uma falange. No que se refere astendinites, 80% são do sexo feminino e laboraram na função de auxiliar de lixação.
Fica a pergunta no ar, de quem é a culpa? Será que as normas de segurança estão sendo cumpridas, principalmente no que se relacionam as NRs( normas regulamentadoras) ? Qual é o saber fazer destes colaboradores? Apresentam problema psicológico? São assistidos ou amparados pelas indústrias? Qual a sua satisfação em laborar na indústria? Existe um projeto para esse obreiro?
Pode-se afirmar que este crescente número de acidentes, em sua maioria, referem-se a precariedade na prevenção de agravos de doenças e acidentes de trabalho e estes agravos tem efeito direto na tríade: trabalhador, família e sociedade. No que se refere a sociedade, seu efeito relaciona-se ao alto custo principalmente na perda de produtividade, seguro social onerosos e grande utilização de recursos públicos da saúde.
Semanalmente dezenas de colaboradores são atendidos no Sindicato dos Marceneiros. A gravidade desta situação se dá pelo fato de que muitos trabalhadores por vezes são abandonados pelas indústrias no momento em que mais necessitam, seja para atendimento médico, psicológico, fisioterápico e medicamentoso. Deve-se ressaltar que tais amputações, geram um trauma irreversível ao trabalhador, pois o dano estético jamais será reparado. Muitos destes trabalhadores quando chegam ao sindicato já estão apresentando sinais de depressão sendo encaminhados para tratamento psicológico do serviço de psicologia do Sindicato e em seguida também para o tratamento fisioterápico onde encontrarão novamente sentido para suas vidas, seja pessoal ou profissional.
Muito se fala no polo moveleiro de Ubá, sendo este o maior polo de Minas Gerais e o 2º maior pólo do Brasil, no entanto, algo que deveria ser motivo de orgulho está se tornando motivo de repudia da sociedade de Ubá e região, pois as indústrias além de produzirem muitos e lindos móveis devem também pensar eu seu maior bem, seus colaboradores.
Será, portanto, esta a realidade que queremos para a cidade de Ubá?
A mobilização deve ser de todos, pois nos envolvemos de forma direta ou indireta nesta situação. Quem não tem um pai, mãe, irmão, parente, amigo ou vizinho trabalhando nas indústrias moveleiras?
A verdade é que pelo caminhar das situações, tendemos a ser um dia não só o maior polo moveleiro de Minas, mas também o maior centro de tratamento de doenças ocupacionais e reabilitação física e psicológica de Minas Gerais. Triste não?
Lembre-se: “A PREVENÇÃO ÉMAIS BARATA QUE O TRATAMENTO E REABILITAÇÃO”
Dr. Maxmiliano Camilo Batista – Especialista em Saúde Ocupacional, Ergonomista, formação em Perícia Judicial e Assistência Técnica do Trabalho.
FONTE: Assessoria de imprensa do Sindicato dos Marceneiros de Ubá