O Brasil, assim como muitos dos grandes países em desenvolvimento, sofreu uma desaceleração significativa no crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) nos últimos dois anos por causa da combinação de impedimentos domésticos e a vulnerabilidade das economias emergentes a choques externos, apontou o relatório da ONU “Prospectos da Situação Econômica Mundial”.
A moeda de muitos países em desenvolvimento e economias em transição tiveram seu valor depreciado frente ao dólar americano em maio e junho de 2013, especialmente o Brasil, Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia.
Isto aconteceu ao mesmo tempo em que os fluxos de capital para estas economias diminuiu.
De acordo com o relatório da ONU, a queda no fluxo de capital foi mais aguda em países como o Brasil e a Índia por causa da alta taxa de liquidez nos mercados e das desvalorizações acentuadas de suas moedas locais.
O relatório indica que nos países em desenvolvimento e nas economias em transição, os formuladores de políticas enfrentam um ambiente econômico internacional desafiador e situações econômicas nacionais mais exigentes, que requerem compensações difíceis em meio a uma confluência de diferentes necessidades políticas.
Alguns dos desafios enfrentados por esses países podem ir além do alcance das políticas macroeconômicas convencionais, exigindo reformas institucionais e estruturais.
Países como o Brasil, a China e a Índia têm realizado várias reformas na segurança social, distribuição de renda, setor financeiro, impostos, energia, transporte, educação e saúde.
Entre 2005 e 2012, o Brasil foi o país que registrou um dos desempenhos mais fracos entre todos os emergentes, com um crescimento médio de 3,6%.
Um dos motivos que o relatório aponta para o declínio no crescimento das exportações no Brasil foi a diminuição do crescimento em economias emergentes como a da China.
De uma maneira geral, a diminuição do crescimento de algumas economias emergentes causou a diminuição da demanda de mercadorias e contribuiu ainda mais para a redução das exportações latino-americanas.
O relatório destaca que a demanda doméstica continua sendo forte em muitos países da região, o que ajudou a sustentar o crescimento global e o crescimento da importação.
No entanto, alerta para os déficits comerciais crescentes que esta demanda doméstica causou para os países da América Latina.
Embora as expectativas do fim da flexibilização quantitativa – política monetária que busca a regularização da economia e a manutenção ou estimulação do seu crescimento – terem se provado prematuras, a normalização das condições monetárias nos países desenvolvidos nos próximos anos pode levar a uma redução de despesas contínuas para os países em desenvolvimento.
No entanto, o relatório das Nações Unidas alerta que o déficit em conta corrente no Brasil, resultado de um crescimento abaixo do esperado e de medidas expansionistas para a economia, torna o país mais vulnerável.
O relatória aponta que, mesmo com o crescimento desacelerado nas principais economias da América do Sul, como Brasil e México, o desemprego manteve-se em cerca de 6% ou abaixo, e estima que o nível de empregabilidade permanecerá sólido durante o resto do ano para a região.
A Organização prevê que o crescimento nas economias emergentes deverá se fortalecer em alguns casos, como no do Brasil, da Índia e da Rússia, e se estabilizar em outros, como no da China, mas adverte que os riscos de um novo abrandamento para algumas dessas economias permanecem.
Para a ONU, a economia nacional brasileira deve crescer entre 3% e 4,2% neste ano e no próximo, sofrendo uma redução na projeção originalmente estabelecida para o país, de 4,5%.
Dados do estudo afirmam que nenhum outro país registrou uma diferença dessa magnitude. Entre 2005 e 2012, o Brasil foi o país que registrou um dos desempenhos mais fracos entre todos os emergentes, com um crescimento médio de 3,6%.
Para a Organização, o Brasil cresce a uma taxa baixa por causa da fraca demanda externa, da volatilidade nos fluxos de capital e do endurecimento na política monetária, e a melhoria da economia brasileira dependerá do fortalecimento da demanda global.(ONU)